Victor Hugo
Não tarda a noite sombria
Corre a brisa vesperal...
Admiro este fim de dia
Cuja luz me alumia
Do trabalho a hora final.
É assim que, no vale umbroso,
Contemplo com emoção
Um pobre velho andrajoso
Que a mancheias, sem repouso,
Semeia o bendito grão...
Sua esquálida figura
Avulta ao longe, e é de ver
Como essa boa criatura,
Desde cedo à noite escura,
Sabe o tempo despender...
Num vaivém, colhe a semente
Reabre a mão, a semear...
E, estranho a esse augusto ambiente,
Eu, como obscuro assistente,
Entro agora a meditar...
Eis que uma estrela aparece
(Ainda se ouve algum rumor...)
Mais outra...Outra mais...Parece
Que vai surgindo a áurea messe
Ao gesto do semeador
Tradução de C. Tavares Bastos
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